AUTORES: Eduardo Rosa¹, Carolina Cintra Gomes ², Juliano Martins Bueno ³, Mayara Barbosa Viandelli Mundim-Picoli²

 

  1. Discente do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA – Anápolis – GO
  2. Professora da área de Diagnóstico do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA – Anápolis – GO
  3. Radiologista e diretor científico do Centro Integrado de Radiodontologia (C.I.R.O.) – Goiânia – GO

 

INTRODUÇÃO

Embora o índice real de sucesso de tratamentos endodônticos não possa ser estimado sob uma análise científica livre de grandes vieses, os casos de insucesso no tratamento endodôntico ainda representam uma parte indesejável e frequente da realidade clínica (1). O objetivo principal do tratamento é promover a limpeza, desinfecção e obturação de todos os espaços de polpa e seu preenchimento com material obturador (2).

As radiografias periapicais são o método mais utilizado para avaliação da anatomia endodôntica na rotina clínica. Esta é uma técnica de simples execução, que fornece informações complementares ao diagnóstico clínico, com baixo custo e baixa dose de radiação. Entretanto, a maior limitação das radiografias é a sobreposição de estruturas na imagem radiográfica, que é inerente às modalidades bidimensionais (2D) de imagens (3).

A tomografia computadorizada de feixe de cone (TCFC) permite uma visualização tridimensional (3D) de tecidos mineralizados (como ossos e dentes) com relativa baixa dose de radiação e sem sobreposição de estruturas anatômicas (4), contornando, portanto, a limitação da radiografia periapical no que se refere a esses princípios de formação da imagem.

 

OBJETIVO

O objetivo neste estudo é apresentar um caso onde a TCFC foi importante na avaliação de um caso de insucesso endoôntico.

 

RELATO DE CASO

Paciente K.M.P., 43 anos, gênero feminino, compareceu ao consultório odontológico com queixa de sintomatologia dolorosa no dente 26. A paciente relatava que havia realizado o tratamento endodôntico do mesmo dente há 8 meses. Em imagem de radiografia periapical foi possível observar imagem radiopaca nos condutos radiculares do dente 26 compatível com material obturador endodôntico (Fig. 1). Foi sugerida a realização de uma tomografia computadorizada por feixe cônico na região da queixa da paciente, que revelou a presença de material obturador endodôntico nos condutos mésiovestibular, disto-vestibular e palatino do dente 26 (Fig. 2 e 3), bem como a presença de um quarto conduto completamente hipodenso, sem sinais de material obturador localizado na raiz mésio-vestibular (Fig. 3 e 4). Foi observada ainda presença de área hipodensa em periápice do dente 26 (Fig. 5) e rompimento da cortical do seio maxilar esquerdo. Uma imagem com densidade compatível com muco foi observada no interior do referido seio maxilar, compatível com sinusite de origem odontogênica (Fig. 4). Foi realizado retratamento endodôntico do dente 26, e em proservação de 6 meses foi observada neoformação óssea na região de periápice e seio maxilar esquerdo com aspecto de normalidade.

 

Fig.1: Radiografia periapical do elemento 26 indicando radiopacidade de material obturador nos condutos radiculares.

CONTRIBUIÇÃO DA TCFC_Figura_1

 

Fig. 2: Sequência de cortes tranversais vestíbulo-palatinos tamanho real 1:1 e espessura de 1.0 mm e distância de 1.0 mm entre cada corte com densidade compatível a muco no interior do seio maxilar.

Figura 2

 

Fig. 3 Cortes sagitais e axial ampliados evidenciando a hipodensidade em rebordo ósseo alveolar e comunicação do mesmo com seio maxilar esquerdo, bem como a presença de quarto conduto radicular não-obturado em dente 26.

CONTRIBUIÇÃO DA TCFC_Figura_3

 

Fig. 4: Sequência de cortes axiais em tamanho real 1:1 com espessura de 1.0 mm e distância de 1.0 mm entre cada corte indicando a presença do quarto canal.

CONTRIBUIÇÃO DA TCFC_Figura_4

 

Fig. 5: Reconstrução tridimensional em vista lateral direita evidenciando a perda de tecido ósseo em periápice do dente 26.

CONTRIBUIÇÃO DA TCFC_Figura_5

 

CONCLUSÃO

A tomografia computadorizada contribuiu na elucidação de causa de insucesso no tratamento endodôntico inicial, favorecendo na escolha de novo tratamento e para um prognóstico favorável a paciente.

 

REFERÊNCIAS

  1. Song M, Kim HC, Lee W, Kim E. Analysis of the cause of failure in nonsurgical endodontic treatment by microscopic inspection during endodontic microsurgery. J Endod. Elsevier Ltd; 2011;37(11):1516–9.
  2. Vertucci FJ. Root canal morphology and its relationship to endodontic procedures. Endod Top. 2005;10:3–29.
  3. Nair MK, Nair UP. Digital and Advanced Imaging in Endodontics: A Review. J Endod. 2007;33(1):1–6.
  4. Scarfe WC, Levin MD, Gane D, Farman AG. Use of cone-beam computed tomography in endodontics. Int J Dent. 2009;2009:634567.
  5. Clinical recommendations regarding use of cone beam computed tomography. Position statement by the American Academy of Oral and Maxillofacial Radiology. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2013;116:238-257.