Mota GHB ¹; Sousa TO²; Bueno JM ³; Mundim-Picoli MBV4

  1. Acadêmica do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA – Anápolis – GO
  2. Pós-doutorando em Odontologia – Universidade Federal de Goiás – Goiânia – GO
  3. Radiologista e diretor científico do Centro Integrado de Radiodontologia (C.I.R.O.) – Goiânia- GO
  4. Professora da área de Diagnóstico do Curso de Odontologia Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA – Anápolis – GO

INTRODUÇÃO

As fraturas radiculares longitudinais são caracterizadas por uma linha na superfície externa da raiz, que provavelmente teve seu início na parede interna do canal na região apical do dente, podendo envolver ambos os lados da raiz. Esta linha pode ser originada na coroa em direção à região apical ou vice-versa. O prognóstico de fratura radicular longitudinal é ruim e, muitas vezes, a exodontia é a única opção de tratamento.

Radiografias periapicais são adequadas para avaliar coroas dentárias, raízes e estruturas adjacentes, entretanto, para o diagnóstico de fratura radicular, este exame apresenta algumas limitações devido à sobreposição de estruturas na imagem final. Isso se deve à sua natureza bidimensional, característica dessa modalidade de exame. Desta maneira, a tomografia computadorizada de feixe cônico (também conhecida por volumétrica ou cone-beam), permite ao profissional lançar mão de um exame com informações tridimensionais (3D), sem sobreposições ou ampliação (tamanho real), contornando assim algumas limitações dos exames bidimensionais (2D).

OBJETIVO

Apresentar um caso de diagnóstico de fratura radicular longitudinal onde nota-se a importância do uso da tomografia computadorizada de feixe cônico.

RELATO DE CASO

Paciente S.J.F., 50 anos, gênero feminino, compareceu ao consultório odontológico com queixa de sintomatologia dolorosa provocada ao mastigar. A dor era localizada no dente 36, e havia sido percebida há 3 meses, com discreto agravamento durante o período relatado. A paciente relatava histórico de tratamento endodôntico no dente 36 há 1 ano. O exame intra-oral revelou dor a percussão. Após exame clínico, foi solicitada radiografia periapical que revelou presença de rarefação óssea periapical, em periodonto lateral e região de furca no dente 36, além de perda vertical da crista óssea alveolar na sua face distal (Fig 1). Optou-se pela realização de uma tomografia computadorizada de feixe cônico do dente 36 para avaliar a possibilidade de trinca, fratura radicular ou perfuração. A tomografia revelou dilaceração radicular no dente 36, imagem hiperdensa no interior dos condutos radiculares mesio-vestibular, mesio-lingual e distal compatível com material obturador endodôntico e linha hipodensa longitudinal, se estendendo do terço cervical ao terço apical, na raiz distal, compaQvel com fratura e perda óssea associada, com lesão em furca (Fig 2-5). Diante da associação do quadro clínico com os sinais dos exames por imagem, foi realizada a exodontia do dente 36 e o planejamento para posterior reabilitação com implante dentário. Uma nova radiografia periapical foi realizada 4 meses após a exodontia e notou-se sinais compatíveis com reparo ósseo na região (Fig. 6).

Fig.1 Radiografia periapical com presença de rarefação óssea periapical, em periodonto lateral e região de furca no dente 36.

Fig_1

Fig.2: Tomografia computadorizada feixe cônico: cortes vestibulo-linguais evidenciando perda óssea em região de periápice do dente 36.

Fig_2

Fig.3: Cortes sagitais de TCFC evidenciando área hipodensa em periodonto e furca do 36 bem como presença de uma linha hipodensa se estendendo do terço cervical ao apical, na raiz distal, compaQvel com fratura.

Fig_3

Fig.4: Sequência de cortes axiais e TCFC evidenciando presença de linha hipodensa se estendendo do terço cervical ao apical, na raiz distal, compatível com fratura e perda óssea associada, com lesão em furca.

Fig_4

Fig.5: Reconstrução tridimensional em vista vestibular do lado esquerdo representativa de perda óssea alveolar no dente 36

Fig_5

Fig.6: Radiografia periapical pós exodontia do dente 36 evidenciando neo forma;cão óssea em alvéolo.

Fig_6

CONCLUSÃO

A tomografia computadorizada por feixe cônico contribuiu para o diagnóstico da fratura radicular, e estabelecimento do correto plano de tratamento para o caso.

REFERÊNCIAS

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  2. Hassan B, Metska ME, Ozok AR, van der Stelt P, Wesselink PR. Comparison of Five Cone Beam Computed Tomography Systems for the Detection of Vertical Root Fractures. J Endod. Elsevier Ltd; 2010;36(1):126–9.
  3. Chang E, Lam E, Shah P, Azarpazhooh A. Cone-beam Computed Tomography for Detecting Vertical Root Fractures in Endodontically Treated Teeth: A Systematic Review. J Endod. Elsevier Ltd; 2016;42(2):177–85.
  4. Talwar S, Utneja S, Nawal RR, Kaushik A, Srivastava D, Oberoy SS. Role of Cone-beam Computed Tomography in Diagnosis of Vertical Root Fractures: A Systematic Review and Meta-analysis. J Endod. Elsevier Ltd; 2016;42(1):12–24.
  5. Edlund M, Nair MK, Nair UP. Detection of vertical root fractures by using cone-beam computed tomography: A clinical study. J Endod. Elsevier Ltd; 2011;37(6):768–72.
  6. Peyneau PD, Valerio CS, Sousa, ACPR, Lorenzoni DD, Manzi FR. Detection of longitudinal fracture through cone-beam computed tomography: report of two clinical cases. ROBRAC; 20(53), jul. 2011.