AUTORES: Patrick Borges de Melo¹, Fernando Fortes Picoli2, Juliano Martins Bueno ³, Mayara Barbosa Viandelli Mundim-Picoli4

 

  1. Acadêmico do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA – Anápolis – GO
  2. Mestre em Odontologia – Universidade Federal de Goiás – UFG
  3. Radiologista e diretor científico do Centro integrado de Radiodontologia (C.I.R.O.) – Goiânia – GO
  4. Professor(a) da área de Diagnóstico do Curso de Odontologia Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA – Anápolis – GO

 

INTRODUÇÃO

As reabsorções dentárias são lesões inflamatórias que podem ser classificadas em reabsorções externas ou internas. Podem se localizar em diferentes terços da raiz (terço cervical, médio ou apical) e, conforme sua extensão, tornam-se comunicantes, ligando a cavidade pulpar ao periodonto.

A reabsorção radicular externa inflamatória progressiva representa o tipo mais comum dentre as reabsorções, podendo ter seu início em qualquer região da superfície radicular nos dentes completamente irrompidos. Os fatores etiológicos mais frequentes estão intimamente relacionados a causas endodônticas, quer seja pela necrose, quer seja por contaminação, quando os micro-organismos se instalam no sistema de canais radiculares. A progressão da lesão pode causar danos irreversíveis à estrutura dentária e requer tratamento e acompanhamento. Se houver progressão da lesão sem que ela seja diagnosticada, o prognóstico torna-se incerto.

A reabsorção interna é uma lesão derivada de um processo inflamatório, que resulta na destruição progressiva da dentina intrarradicular, podendo se localizar na porção coronária ou nos terços cervical, médio ou apical das paredes do canal. As regiões reabsorvidas são preenchidas somente por tecido de granulação ou em combinação com tecidos mineralizados, como osso e cemento. O traumatismo dentário é considerado o fator predisponente mais comum às reabsorções internas, presente em 45% dos casos. A reabsorção radicular interna pode ser transitória ou progressiva, sendo a transitória autolimitante e a progressiva dependente de estímulos bacterianos.

 

OBJETIVO

O objetivo neste trabalho é apresentar um caso de reabsorção dentária interna, diagnosticado por tomografia computadorizada de feixe cônico (cone beam).

 

RELATO DE CASO

Paciente do gênero feminino, 23 anos, procurou o cirurgião-dentista para realização de tratamento reabilitador com implante na região do dente 14. Após 8 meses da realização do implante a paciente retornou ao dentista com queixa de sintomatologia dolorosa na região. Ao exame clínico não foram observados sinais dignos de nota. Foi solicitada uma radiografia panorâmica e radiografia periapical sendo detectada área compatível com osso neoformado na área circunjacente ao implante na região do dente 14, sugerindo osseointegração. Nas mesmas imagens, pôde ser observada a presença de imagem radiolúcida, com limites pouco precisos, na região mesial e cervical da coroa do dente 16 (Fig.1). A hipótese de diagnóstico levantada foi de reabsorção dentária interna ou externa.

CONTRIBUIÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA_Figura_1

 

Fig. 1: Radiografia panorâmica e radiografias periapicais indicando neoformação óssea da região do dente 14, compatível com processo de osseointegração e imagem radiolúcida na mesial do dente 16. Em exame de tomografia computadorizada de feixe cônico foi observada área hipodensa restrita a porção coronária mesial do dente 16 confirmando a hipótese de reabsorção interna. Pelas dimensões da lesão encontrada na tomografia optou-se pela realização do tratamento endodôntico do dente 16. A paciente encontra-se sem sintomatologia e em proservação (Fig.2).

CONTRIBUIÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA_Figura_2

 

Fig.2: Sequência de cortes axiais e transversais obtidos pela TCFC revelando a presença de área hipodensa na região coronária (mesial) do dente 16 em contato com a câmara pulpar. As extensões ântero-posterior e látero-lateral da lesão podem ser observadas.

 

CONCLUSÃO

A tomografia computadorizada de feixe cônico torna possível a localização e dimensionamento de forma precisa das reabsorções dentárias apresentando informações relevantes para o estabelecimento de um plano de tratamento criterioso, o que resulta em um plano de tratamento assertivo e, consequentemente, um prognóstico mais favorável.

 

REFERÊNCIAS

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